Arquivo do mês: agosto 2023

Minha Politização Minha Vida

Na política de educação integral proposta pelo governo Lula, deve-se incluir o Programa Minha Politização Minha Vida. Sem desmerecer a bela e poética área de exatas é urgente instituir carga horária significativa na grade curricular dos ensinos Fundamental e Médio, de Sociologia, Filosofia, História, Literatura, Geografia, Arte, aplicada dentro e fora de sala de aula e integrada à conjuntura da comunidade escolar.

Após quatro anos de muita dor, perdas irreparáveis e interminável angústia, o carbúnculo foi arrancado. Não sem muito custo, por um buraco extremamente apertado, em volta do qual se deu renhido confronto entre humanistas e fascistas, o que tornou a extração da massa sebosa ainda mais sofrida. O prazer do alívio imediato, no dia 30 de outubro, foi proporcional à aflição vivida, entre 2018 e 2022.

Oito meses de governo Lula e, desde janeiro, o Brasil já respira a atmosfera da esperança, o que é fundamental para o pronto restabelecimento. Contudo, apesar da vitória civilizatória, o organismo não está curado. Meus avós diriam que o sangue da sociedade está reimoso. Haja vista a composição do Congresso Nacional, tomado pela extrema-direita.

A posse de Lula cessou a agonia e o aprofundamento da doença fascista. Agora, é o processo de curar o sangue da nação, mortalmente contaminado de ódio, disseminado, desde 2013, eclodido, em 2018, cujo legado é a tontura da fome em dezenas de milhões de brasileiros. A eleição daquele ou de qualquer outro desqualificado da vez foi o resultado de insistente campanha de criminalização da política, da esquerda e, especialmente, do Partido dos Trabalhadores.

Será uma tarefa hercúlea superar décadas de retrocessos econômicos, culturais, sociais, tecnológicos, ambientais, políticos, vividos nos últimos quatro anos, somada ao passivo da secular e bestial despolitização brasileira. Transformar em progressistas, Câmaras de Vereadores, Assembleias Legislativas, Câmara dos Deputados e Senado é um dos principais caminhos a se abrir e pavimentar, no sentido de evitar, senão retardar, a volta do fascismo aos poderes centrais do país.

Durante os próximos 20 anos, pelo menos, políticas públicas e dignas de educação emancipatória, saúde, cultura, segurança, habitação, mobilidade, direitos humanos devem ser aplicadas nos 5.565 municípios, sob acompanhamento dos sucessivos governos federais. Avanços civilizatórios não podem ficar ao sabor de interesses dos políticos locais, no mais das vezes, provincianos e brejeiros da extrema-direita.

A federalização dessas políticas, aplicadas em consonância e intercâmbio entre a diversidade multicultural brasileira, faz parte da receita para o Brasil aprender a se enxergar e a se respeitar multifacetado. A maturidade política do brasileiro será a consolidação da atmosfera sentida nos primeiros meses do governo Lula. Para isso, a conscientização do valor e o respeito pela salada genética brasileira devem ser compartilhados em todos os quadrantes do território nacional.

Aos poucos, desde os municípios ao Congresso Nacional, passando pelos estados, o poder legislativo sofrerá uma depuração e será ocupado por políticos muito preocupados com a crítica dos eleitores, mais amadurecidos politicamente e mais resistentes à cooptação pelo discurso rasteiro, messiânico e empresarial de uma forma da prática política, que deveria ser banida do país.

Lula tem sido um gigante da política, uma referência para as lideranças progressistas do mundo todo, de como pelear com a extrema-direita, maioria do CN. Sem ameaçar, corromper a si e a outros ou coagir o Legislativo, o presidente tem conseguido significativos avanços para o Brasil e para os brasileiros, principalmente os mais pobres.

Porém, tudo tem limites, menos o apetite do Centrão, um eufemismo pra extrema-direita. Governou o país, nos últimos 10 anos. Foi comparsa do ex-governo, não está acostumado a lidar com a democracia, a harmonia e a autonomia dos Poderes da República. Agora, sob crise de abstinência de orçamento secreto, chantageia, às claras, o governo Lula para ocupar algum ministério, de olho num naco do R$ 1,7 trilhão do PAC.

Enquanto houver bancadas da bala, do boi e da Bíblia, nos legislativos das três esferas de Estado, serão eternamente caricaturas de “O Bem Amado”, do genial Dias Gomes. O CN é cópia fiel dos parlamentos estaduais e municipais. Desde a Câmara de Vereadores, aprendem como excluir a participação popular e legislar por interesses mais rentáveis que justos.

Dos 594 congressistas, não mais de 150 são progressistas e de esquerda. Para o Lula aprovar todas as medidas, até o momento, está fazendo uma ginástica política de alta complexidade e cuidado. Arthur Lira, como legítimo representante da extrema-direita, não é diferente daquele vereador de um município de cinco mil habitantes, conhecido de todos, que ajuda o prefeito e os deputados estadual e federal a desviarem recursos que faltarão ao posto de saúde e à escola que sua família e seus amigos e parentes usam.

A esses, interessam que as políticas fundamentais supracitadas sejam atribuições de estados e municípios, secularmente governados pela direita do carro de boi. Para ela, o quanto puder praticar ações paliativas, circunstanciais de emergência, de pão e de circo mambembe, para manter a despolitização da população, ela o fará.

O movimento deve ser de baixo para cima, para não morrer no nascedouro. Os ministérios do governo Lula, que tratam dessas políticas, eminentemente, mas não exclusivamente, devem, com urgência, adotar a implementação maciça de tais políticas, com acompanhamento in loco.

O custo do investimento inicial, por maior que seja, compensará e dará muito lucro a cada centavo investido, com o aumento da consciência política da população. É urgente, o cio é a condição de existência do fascismo, mas é necessário superá-lo sob a menor tensão, pois há bilionários e inconfessáveis interesses que lucrariam ainda mais com o sangue derramado numa convulsão social.

Quanto mais demorado o amadurecimento político da população, que passa por esse caminho, também, melhor para os parasitas do mercado financeiro e os amedalhados até o duodeno, que nunca viveram uma guerra.

Considerações aos gusanos da pátria, muambeiros de joias e traficantes de cocaína, à parte, enquanto a caridade vier antes da justiça social (alguém já disse isso), eterniza-se a precarização da imensa maioria da população, em favor de uma minoria muito dispendiosa, poluidora e improdutiva. Viva o programa Minha Politização Minha Vida.